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Na tarde de quinta-feira (30), os estudantes de todo o país que vieram ao Congresso da UNE debateram o papel do petróleo na economia do Brasil. A mesa realizada na Pontifícia Universidade de Goiás mostrou que o tema é prioridade para o movimento estudantil, desde a época da campanha “O Petróleo é Nosso”, nos anos 50, até a recente proposta da juventude para aplicação dos 50% do Fundo Social do Pré-Sal e 100% dos royalties para a Educação.

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Para o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Leite Siqueira, a luta dos estudantes deve ser de ampliar sempre os benefícios do petróleo para setores estratégicos do país. “Devemos lutar por um percentual de todo o petróleo para o Brasil, não apenas 10% para educação”, ressaltou.

Segundo João Antônio de Moraes, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a UNE tem autoridade moral, histórica e política para travar esse debate. “Foi por causa da UNE, do povo brasileiro organizado nas ruas do país que conseguimos conseguir estruturar uma empresa como a Petrobrás. Quando organizações como a UNE chamam para esse debate é o povo brasileiro pensando no seu futuro”, ressaltou.

E o que representa o petróleo no mundo? De acordo com Moraes ele é 90% de tudo que se move no mundo. “Nenhum de nós consegue dar um passo sem utilizar nada que venha do petróleo, o botão da nossa camisa, até o calçado”, explicou.

A médio prazo, não há a menor expectativa de substituição do petróleo em vários produtos como no plástico. Por isso e outras coisas o petróleo vai continuar sendo estratégico por muito tempo. “Por isso temos que ter esse olhar de soberania nacional, pensando no futuro dos seus filhos, dos meus netos”, destacou.

Para Moraes, ainda é preciso utilizar esse recurso que não tem segunda safra com um caráter intergeracional. “É preciso ter esse olhar. O principal estado produtor do Brasil, o Rio de Janeiro usa esse recurso dos royalties para pagar pensão e aposentadoria. Ou seja, não é investindo no futuro, é pagando dividas antigas”, avaliou.

Para ele, ainda é preciso que o lucro do petróleo fique para o povo brasileiro para se investir em todos os problemas estruturais do País. “Nós temos que lutar pelo bom e pelo melhor do mundo e é só isso que vai poder nivelar esse debate por cima”, disse ele, parafraseando uma conhecida frase de Olga Benário.

O ex-diretor executivo da Petrobrás e professor da Universidade de São Paulo-USP, Ildo Sauer fez uma fala emocionada [BAIXE AQUI A APRESENTAÇÃO  DE ILDO SAUER]. Ele afirma que quem estuda a história do petróleo no Brasil, entende que a Petrobrás é a maior organização do povo brasileiro. Para ele, todo o petróleo do País pertence ao povo brasileiro. “Mais do que qualquer governo foi a Petrobrás que foi capaz de construir o processo tecnológico brasileiro”, afirmou.

Sobre a fonte de energia que é moeda de disputa mundial ele explica: “O menor estoque de energia do mundo é o petróleo. Fonte de energia não falta. Mas porque o petróleo é tão disputado e se tornou dominante? Por que na forma capitalista de se produzir o que importa é gerar excedente”.

Segundo Sauer, o Brasil precisa conhecer melhor a sua capacidade petrolífera. “Estima-se que tenhamos perto de 300 milhões de barris, se isso for certo somos maiores que a Arábia Saudita. Saber quanto petróleo temos é muito importante e saber qual o excedente econômico disso é ainda muito mais”, destacou.

“A UNE está em todo o país em torno dessa luta. Estudem, aprofundem, concordem, discordem e levem esse debate às ruas. Sejam os verdadeiros líderes da mudança. Nós temos nas nossas mãos uma luta para transformar o País”, conclamou.