Resistência ao neoliberalismo, greves, atos contra a privatização da Petrobrás e contra leilões fazem parte da memória dos petroleiros e da história do Brasil

Para além das disputas trabalhistas, a categoria petroleira se destaca por ter uma reputação peculiar: é historicamente reconhecida porque sempre se organizaram em torno de algo maior: a defesa da Petrobrás como empresa estatal e patrimônio do Brasil e a luta pelo futuro enquanto país livre e soberano.

O Sindicato dos Petroleiros do Ceará foi fundado oficialmente em 28 de abril de 1974 e teve a trajetória marcada por alguns dos fatos mais importantes do país nas últimas quatro décadas, tais como a luta contra a ditadura militar, o apoio ao impeachment de Collor, a luta pela soberania nacional do petróleo e contra as privatizações, a eleição do ex-presidente Lula, a luta contra o golpe à presidenta Dilma e a atual oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

LUTAS HISTÓRICAS E RECENTES

No dia 03 de maio de 1995 o movimento petroleiro iniciou a histórica “greve de 1995”, que duraria 32 dias em território nacional e 33 na RPBC. A greve foi motivada pela ameaça de privatização da Petrobrás pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que já havia privatizado outras estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e criado o Conselho Nacional de Desestatização (CND). Com a ameaça iminente – que incluiu a tentativa de mudança de nome da Petrobras para Petrobrax, fato rechaçado pela sociedade – os petroleiros não viram outra alternativa a não ser a greve geral. Após o movimento, a privatização nos moldes convencionais foi anulada.

Em 2015, a cúpula da companhia, liderada por Aldemir Bendine, presidente da Petrobrás à época, decidiu cobrar do trabalhador os erros cometidos por sua própria negligência. Após uma proposta de acordo coletivo apresentada pela empresa que tirava direitos, atacava benefícios e que fazia parte do plano de desinvestimento do Conselho de Administração, os petroleiros não tiveram alternativa a não ser se mobilizar. Nossas mobilizações, marcada pela prisão de dois diretores sindicais, inspirou outras bases, tornando-nos referência e norte nas lutas que se seguiram e que culminaram com a participação dos 17 Sindipetros, o que há muito não se via.

A proposta neoliberal apresentada na candidatura de Jair Bolsonaro, e assim eleita, incluiu ampla privatização e redução do estado brasileiro. O ministro da economia Paulo Guedes anunciou em novembro de 2018, a criação de uma secretaria de privatizações, gerida pelo empresário José Salim Mattar Jr., dono da Localiza Hertz.

Em resposta, este ano, em que o Sindipetro-CE/PI completa seus 47 anos de lutas, já foi marcado pela participação na paralisação em 1º de fevereiro contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná – ANSA e que durou 20 dias. Esse movimento paredista foi o maior desde a greve histórica de 1995 na empresa. Unificando a categoria petroleira, nos juntamos aos mais de 21.000 trabalhadores em greve parando mais de 120 unidades em 13 estados do país.

Um salve a todos e todas que já nos deixaram, mas com seu suor e lágrimas nos guiaram durante essa trajetória dos 47 anos de Sindicato do Petroleiros do Ceará/Piauí.

E a luta continua, mesmo sob franco ataque, seguimos resistindo!