A representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa, Rosângela Buzanelli, denuncia o desmonte dos investimentos socioambientais, culturais e esportivos da Petrobrás e questiona as motivações que levaram ao fim da parceria com a Fundação Pró-Tamar

[Imprensa da FUP, com informações do Blog da Rosângel Buzanelli]

No rastro do desmonte do Sistema Petrobrás, a gestão da empresa anunciou o fim da parceria de mais 40 anos com a Fundação Pró-Tamar, reconhecida internacionalmente pelo trabalho de proteção e conservação de tartarugas marinhas no Brasil. O projeto, que cobre quase todo o litoral do país, do Ceará a Santa Catarina, já recebeu vários prêmios na área de meio ambiente, muito em função da parceria histórica com a estatal, o que possibilitou a recuperação e devolução ao mar de mais de 40 milhões de tartarugas.

Segundo o comunicado da Petrobrás, a decisão de acabar com a parceria com o Projeto Tamar foi tomada pela Fundação, que estaria optando por outros modelos de colaboração e de formas de financiamento. O apoio começou em 1982, quando a entidade ainda estava iniciando a busca por parcerias para a missão de conservação de espécies de tartarugas ameaçadas de extinção. 

Em seu blog, a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa, Rosângela Buzanelli, coloca em dúvidas as motivações para o fim do patrocínio do projeto. “Impossível não suspeitar que razões muito sérias devem ter levado a Fundação a encerrar uma parceria tão bem sucedida há décadas. A parceria da Petrobrás com o Projeto Tamar sempre foi um símbolo de reparação ambiental e de preocupação com a natureza. Um legado da nossa maior empresa brasileira, que, infelizmente, vem sendo esquecido”, destacou.

Ela lembra que no ano passado, foram fechadas três bases de conservação de tartarugas marinhas do Centro Tamar, nas cidades de Camaçari (Bahia), Parnamirim (Rio Grande do Norte) e Pirambu (Sergipe).

“Por conta da Covid-19, o Tamar suspendeu o atendimento em suas bases e ficou sem recursos financeiros proveniente das lojas e das visitas às suas sedes. A Petrobrás passou, então, a ser a principal fonte de renda da organização. Mas a gestão da estatal vem reduzindo desde 2013 os investimentos em projetos culturais, esportivos e socioambientais, o que certamente afetou também o Projeto Tamar”, afirmou Rosângela.

“Segundo levantamento do Dieese, a partir dos relatórios sociais divulgados pela empresa, esses investimentos cresceram entre 2003 e 2013, de R$ 290 milhões para R$ 779 milhões. Em 2016, foi a redução mais drástica, de 51%, atingindo em 2020 o patamar mais baixo, de R$ 112 milhões”, declarou a conselheira eleita da Petrobrás.