Quanto maior o índice Bovespa, maior é o risco de quem compra ações
Na penúltima reunião como presidente do Conselho Fiscal, convidei o diretor de Investimentos da Petros, Alexandre Mathias, para apresentar preocupações do Conselho Fiscal com o desempenho dos investimentos da Fundação. Isto porque o diretor, que parece bem competente, havia dito com convicção, em outra reunião, que o IBOVESPA, que estava em torno de 110.000 pontos, iria chegar a 170.000 pontos. Portanto ele pretendia trocar títulos do Governo, que estavam com rendimento baixo em face da queda dos juros, por ações de grandes companhias e potencial de lucro. Isto para procurar atender à meta atuarial, que era IPCA +6% (hoje, menos de IPCA+5, aproximadamente), mas ainda difícil de ser atendida.
Falei com o diretor, nessa ocasião, que embora não sendo especialista em investimentos, nos diversos cursos da ABRAPP para o exercício da Função de Conselheiro (tendo inclusive dado aulas sobre gestão de riscos) e Congressos da ABRAPP eu havia aprendido que, quanto maior o índice Bovespa, maior é o risco de quem compra ações. E, então, o IBOVESPA estava num patamar recorde, o maior da história. Perguntei: “O risco não está alto demais com esse valor tão elevado?”.
O Diretor falou durante uma hora expondo as estratégias dos investimentos, mostrando que haveria diversificações, inclusive com aplicações no exterior. Mostrou a estratégia de um portfólio bem diversificado. Como a preocupação ainda era muito forte, fiz constar esses questionamentos em ata.
Infelizmente, a preocupação era procedente, pois, com a pandemia do Coronavirus, o IBOVESPA caiu drasticamente, chegando a cerca 70.000 pontos. Hoje, está em torno de 80.000 pontos. Isto significa que as ações principais despencaram junto, gerando altas perdas para muitos dos acionistas.
O diretor fez agora um vídeo para tranqüilizar os participantes, no sentido de que o mercado de ações vai reagir após o fim da pandemia, e que em 2021 deverá voltar aos níveis anteriores à pandemia. Temos esperança que sim, mas ficou explícito que a nossa preocupação era muito procedente. Eu não gostaria de ter acertado, preferia estar totalmente equivocado, todavia, como representante eleito dos participantes era meu dever alertar.