A apresentação de uma banda de pífaros e a exibição de um vídeo sobre o projeto MOVA Brasil abriram a IV Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros cujo tema é “Trabalhadores do Campo e da Cidade em Defesa da Democracia”. Logo em seguida foi montada a mesa de abertura, composta pelo coordenador da FUP, José Antônio Moraes, o Deputado Federal do PT de Pernambuco, Fernando Ferro, o professor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadoti e os coordenadores do Sindipetro PE-PB, Marcos Aurélio, Nacional do MST, Jaime Amorim, do MAB, Joceli Andreoli, da CUT-PE, Carlos Veras e o Secretário de Relações Internacionais da CTB, José Divanilton fazem parte da mesa de abertura da IV Plenafup.

Com o discurso em defesa da unidade dos trabalhadores do campo e urbanos, o Coordenador do do Sindipetro PE-PB, Marcos Aurélio saudou os participantes da IV Plenafup. Amorim reforçou que os avanços que os trabalhadores brasileiros têm hoje são resultado dessa unidade ocorrida na história dos movimentos sociais. Para ele, o fato da plenária dos petroleiros estar acontecendo num assentamento do MST demonstra que essa unidade está sendo reforçada no sentido de ampliar as conquistas da classe trabalhadora.

O Coordenador do MST, Jaime Amorim, falou da importância da construção dessa plenária conjunta. “Construir juntos esse momento é uma ousadia! Principalmente por acontecer num assentamento chamado Normandia, que completou 20 anos no dia 1 de maio, e que era uma propriedade de pessoas ligadas ao exército e que foi ocupada pelos trabalhadores sem terra” – contou. Para Amorim o neoliberalismo está se aprofundando cada vez mais e se faz necessária a defesa conjunta de um país livre, soberano e independente.

O Secretário de Relações Internacionais da CTB, José Divanilton, fez questão de ressaltar que  a categoria demonstra estar vivendo um momento de amadurecimento ao ver que todas as teses da IV Plenária não tratam somente das questões corporativas e analisam a crise internacional antes de definir um posicionamento da categoria. Na visão de Divanilton, o país está escrevendo uma nova história na américa latina e que chegou o momento de reformas estruturais no país.

Outros expositores destacam pautas comuns entre Campo e Cidade

Unidade entre os trabalhadores do campo e da cidade, em busca de uma agenda comum de lutas sociais, também fez parte das prioridades destacadas por outros expositores da mesa de abertura da IV Plenafup, que acontece nesta noite no Assentamento Normandia, em Caruaru (PE).

Para o coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andreoli, os movimentos sociais precisam estar atentos a este momento de crise do Capital. E, neste cenário, tem destaque a necessidade de manter vigilância em relação aos recursos energéticos, especialmente do petróleo.

“Estamos em uma encruzilhada histórica. O Capitalismo está impondo ao mundo a entrega do petróleo para os interesses privados, até mesmo ao governo. Só a força popular pode resistir”, disse Andreoli.

O presidente da CUT Pernambuco, Carlos Veras, afirmou que as lutas dos trabalhadores, independentemente de estarem no campo ou na cidade, são as mesmas, lembrando o exemplo da Reforma Agrária, uma bandeira que nasce no meio rural mas é fundamental para o desenvolvimento de todo o País. Ele destacou a luta contra a ofensiva da terceirização, com a retomada da tentativa de aprovação, no Congresso, do Projeto de Lei 4.330.

Veras também chamou a atenção para a importância de resistir a todas as tentativas de criminalizar os movimentos sociais, sejam eles rurais ou urbanos. “É assim que tratam o MST, é assim que tratam os sindicalistas nos momentos de greves”, alertou.

O professor Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, lembrou da Educação como área estratégica para o desenvolvimento social do País. Lembrando o educador que dá nome ao instituto, Gadotti mostrou a relação entre educação e política, mostrando que não há uma área sem a outra. Ele destacou ainda a parceria entre o instituto e a FUP no Projeto Mova Brasil, de alfabetização de adultos. Atualmente, o Instituto desenvolve nove mil parcerias com entidades dos movimentos sociais.

Outro participante da mesa de abertura, o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) afirmou que mesmo que o Brasil e a América Latina estejam passando por um grande momento, “de esperança para o mundo”, é preciso ter consciência de

Para ele, os trabalhadores querem o poder para levar adiante as mudanças necessárias para promover a justiça social, por meio de mudanças estruturais profundas. O deputado disse ainda que os movimentos sociais brasileiros e latino americanos estão sendo observados atentamente pelos trabalhadores europeus, que estão enfrentando neste momento o massacre do Capitalismo.

Moraes chama atenção dos petroleiros para aumentar o olhar estratégico para o setor

Representando a Confederação do Ramo Químico, Cibele Fogaça, comentou que essa plenária é um marco histórico para as mulheres petroleiras, que pela primeira vez organizaram encontros e trouxeram uma pauta específica para ser apreciada pelos delegados e delegadas.”Vivemos um momento diferente da democracia brasileira, por isso é necessário que os petroleiros respeitem a diversidade e as causas de gênero” – disse.

O coordenador da FUP, José Antônio Moraes, foi o último a discursar na noite de abertura. Para Moraes, essa plenária tem uma representatividade enorme para o movimento sindical petroleiro, por ocorrer pela segunda vez num assentamento do MST e reforçar a importância estratégica dessa união de forças. Moraes lembrou um grito de guerra dos companheiros: “Se o campo e a cidade se unir a burguesia não vai resistir”

“Pernambuco tem um simbolismo grande para o povo brasileiro porque aqui aconteceram muitas revoltas e saíram nomes importantes para a história brasileira como Frei Caneca, Abreu Lima – que deveria dar nome a refinaria no aqui no estado – e o ex-presidente Lula” lembrou o coordenador, emocionado.

Esse ano a Plenária acontece com a participação de mais um sindicato filiado à FUP. “Nós temos orgulho de dividir com os companheiros que esse ano fazemos a plenária com um sindicato a mais, do Sindiquímica Paraná. Os companheiros representam a ocupação da Ultrafértil e a retomada dessa planta para a Petrobras”.

Ao fechar sua fala, Moraes apresentou a informação que hoje existem 400 mil trabalhadores no setor privado, trabalhando em piores condições que o Sistema Petrobrás.No último leilão foram leiloados 189 blocos e a Petrobrás ficou com apenas três, isso quer dizer que as condições de trabalho serão baseadas na precarização nos outros blocos. “Nosso papel é ter um olhar estratégico para o que está sendo planejado pelo setor” – concluiu.

Fonte: Sindipetro NF