Esta semana promete ser movimentada em questões que dizem respeito à saúde do trabalhador da Petrobrás e ao meio ambiente da RMS.
O coordenador da Bancada dos Trabalhadores na Comissão Nacional Permanente do Benzeno\CNPBz, Antônio Goulart, em entrevista por email ao jornal Diálogo\Sindipetro Bahia,antecipa o que acontece em Salvador durante o encontro que a CNPBz realiza de quarta a sexta (14 a 16/8). Ele fala também da visita que a Comissão faz a RLAM para verificar se o plano de ação apresentado pela Refinaria, ano passado, foi cumprido. Confira.
Qual o motivo da volta da CNPBz a Salvador ?
A Comissão Nacional volta a Salvador para cumprir sua programação anual de reuniões, o objetivo deste encontro é o acompanhamento do cumprimento do acordo firmado de forma tripartite em setembro de 1995. Esta comissão foi constituída como um fórum tripartite de discussão negociação e acompanhamento do acordo do benzeno. Na reunião em Salvador poderão participar dirigentes sindicais, cipas e os grupos de representação dos trabalhadores do benzeno (GTB), além de interessados no tema.
Qual a programação do encontro?
A programação do encontro passa por uma visita técnica na RLAM no primeiro dia do encontro (14/08). No segundo dia teremos na parte da manhã reuniões das três bancadas em separado. E na parte da tarde a reunião oficial da Comissão que só comporta os representantes das três bancadas que estão nomeados no MTE, por suas entidades, sindicais de governo e patronal.
Na sexta-feira, teremos uma reunião plenária que congrega sindicalistas componentes de Cipas e GTBs mais os representantes do Governo na Comissão. Cabe ressaltar que a reunião plenária que é aberta a todos não é compartilhada pela bancada patronal que dela se retirou por entender que assuntos relativos aos problemas originados pela exposição ao cancerígeno benzeno teriam que ser discutidas somente pelos nomeados oficialmente. A bancada dos trabalhadores tem entendimento que está retirada estratégica da patronal foi em razão dos múltiplos problemas que aparecem entre eles os das áreas da Petrobras, que são continuamente citados por trabalhadores de todo país.
3 – Em relação à visita técnica que a Comissão fará à Rlam, o que será analisado? Foram detectados problemas maiores em relação ao contato do trabalhador com o benzeno?
Na visita anterior, no ano de 2012, a Comissão visitou a RLAM e encontrou inúmeros e graves problemas nas áreas. Foi um momento em que a bancada dos trabalhadores ficou estarrecida pelo que vimos de más práticas nas unidades, mas também, fomos contemplados com a atuação e apresentação do GTB da refinaria que pontuou de forma firme os problemas por eles encontrados.
Saímos de lá com a certeza de que muito precisava ser feito para compatibilizar o meio ambiente do trabalho da RLAM com o preconizado no acordo benzeno. É sabido por todos os trabalhadores desta unidade, os inúmeros problemas existentes e as ações governamentais, estaduais e do MTE para que fossem feitas as correções prometidas na reunião anterior tanto para a CNPBz quanto ao poder público. A comissão volta a RLAM justamente para ver e ouvir por parte da empresa os possíveis avanços e adequações das melhorias prometidas.
4 – Hoje, com os avanços tecnológicos, é possível dizer que há menos riscos de o trabalhador ser exposto ao Benzeno? E qual o papel dos GTBs e sindicatos nesta luta?
Na Comissão, podemos tratar de melhores práticas no mundo de exposições ao benzeno, isto contempla todos os aspectos relativos a inovações tecnológicas usadas para afastar os trabalhadores da exposição ao cancerígeno. Podemos citar como exemplo, trocas para bombas de selo duplo magnéticas, amostradores, além de adequações nos laboratórios, e sem dúvida, um sistemático monitoramento ambiental e biológico dos trabalhadores expostos.
Cabe ressaltar que para a bancada dos trabalhadores área de risco compreende toda a área física da empresa e, por conseguinte, todos os trabalhadores em algum momento podem ficar expostos ao benzeno. Com a assinatura do acordo em 1995, muitas vidas foram salvas, mas continuamos perdendo companheiros por adoecimentos e mortes. Temos a convicção de que muito precisa ser feito para que possamos nos momentos presente e futuro melhorarmos os riscos de exposição que são ainda muito grandes. Para avançar nesta caminhada, em busca de um meio ambiente satisfatório precisamos contar incondicionalmente com os companheiros das Cipas e do GTB.
São os companheiros do grupo de representação dos trabalhadores do benzeno que tem atribuições que constam no Capítulo V do Acordo para implementar programas que visem acompanhar os problemas nas áreas e ao PPEOB. Aos sindicatos cabe o acompanhamento ao trabalho dos companheiros do GTB, instrumentalizando e colaborando com os mesmos sobre todos os aspectos constantes no acordo. Cabe também aos sindicatos denunciar o descumprimento do acordo.
Faça um balanço do trabalho da CNPBz no país e na Bahia.
A CNPBz é fruto de uma luta social muito intensa nas décadas de 80 e 90. Foi por conta das inúmeras atividades sindicais que aconteceram em todo o país e especialmente na Bahia que este acordo acabou sendo assinado. Perdemos nestas épocas inúmeros companheiros muito poucos com o nexo causal estabelecido pelas empresas.
Os adoecimentos nestas épocas eram uma verdadeira epidemia de benzenismo. Muito foi feito desde então, mas muito precisamos avançar, pois perdura entre nós o que é tratado como “silêncio epidemiológico”, pois as empresas teimam em descumprir as legislações vigentes não reconhecendo os diversos adoecimentos adquiridos nos ambientes de trabalho.
A bancada dos trabalhadores na comissão tem incidido em busca de correções e avanços na aplicação do acordo. Desde a assinatura do mesmo entendemos que o quadro dramático que tínhamos até então melhorou, mas precisa avançar muito mais. Entendemos que precisamos estar cada vez mais atuantes e vigilantes como representantes dos trabalhadores, para não permitirmos retrocessos no que conseguimos com muita luta.