Na manhã desta sexta-feira (29), o Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro CE/PI) promoveu um ato em frente à Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza, para exigir melhores condições de segurança no Sistema Petrobras. A manifestação, motivada pela recente tragédia em Angra dos Reis (RJ), onde dois trabalhadores terceirizados morreram em um acidente na Transpetro, contou com a paralisação de uma hora dos trabalhadores do turno.
O acidente, ocorrido na quarta-feira (27), resultou na morte de Herbert Félix Martins, de 21 anos, e Diego Nazareth, de 38 anos, durante a manutenção de uma estação de tratamento de efluentes. Um terceiro operário sofreu fratura no pé. Os trabalhadores prestavam serviço à empresa terceirizada Olicampo. O desabamento de uma plataforma de acesso foi a causa da tragédia.
Pronunciamentos
Durante o ato, o presidente do Sindipetro CE/PI, Fernandes Neto, destacou a necessidade de mudanças estruturais na gestão de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS) da Petrobras:
“Precisamos atender às demandas das federações e nos mobilizar para exigir o cumprimento das normas de segurança. A vida vale muito mais do que qualquer pressão ou atitude da gestão. A saúde e a segurança devem estar à frente de qualquer benefício financeiro, como PLR ou VR. Já solicitamos reuniões com os responsáveis pela gestão de SMS para evitar novos atos em defesa da vida no sistema Petrobras.”
O diretor Emanuel Menezes também reforçou a gravidade do descaso:
“Completa-se mais de 24 horas da tragédia e sequer houve um comunicado satisfatório da empresa para prevenir novos acidentes. É inaceitável que acidentes como esse ocorram sob nossos olhos, especialmente com trabalhadores terceirizados, que são os mais explorados e vulneráveis no sistema. Precisamos lutar para reduzir o grau de exploração e garantir condições dignas de trabalho.”
Já o diretor Douglas Uchoa enfatizou a luta histórica do sindicato pela defesa da vida e da saúde mental dos trabalhadores:
“A Petrobras é estratégica para o Brasil, mas seus gestores frequentemente ignoram isso. O assédio e a pressão mental diária levam os trabalhadores a perderem anos de vida. É preciso denunciar práticas abusivas, especialmente contra terceirizados, e manter a mobilização em defesa da saúde mental e da segurança no trabalho.”
Impacto da tragédia
O acidente em Angra dos Reis expõe as condições precárias enfrentadas por trabalhadores terceirizados no Sistema Petrobras. Herbert e Diego, ambos casados, deixam famílias devastadas pela perda. A ausência de uma resposta contundente da empresa até o momento intensifica o sentimento de revolta entre os trabalhadores e sindicatos.
O Sindipetro CE/PI reafirmou seu compromisso com a luta pela valorização da vida e anunciou que novos atos poderão ser organizados caso as demandas por melhores condições de trabalho e segurança continuem a ser negligenciadas.
Essa mobilização é um grito de alerta para que a Petrobras e suas contratadas assumam suas responsabilidades, priorizando a vida e a dignidade de seus trabalhadores acima de qualquer lucro.