Durante o 40º Congresso Estadual dos Petroleiros(as) do Ceará e Piauí, realizado nos dias 30 e 31 de maio na sede do Sindipetro-CE/PI, em Fortaleza, o tema da transição energética ganhou centralidade nos debates. Com o lema “Reconstruir a Petrobrás no Ceará com a valorização da categoria e uma transição energética justa!”, o evento reuniu trabalhadores e trabalhadoras da ativa e aposentados(as) para refletir sobre o futuro do setor energético e o papel estratégico da Petrobrás no desenvolvimento nacional.

A mesa de abertura contou com a presença de Haroldo Neto (UP), que resgatou a memória da campanha “O Petróleo é Nosso” como símbolo da luta pela soberania energética, e da secretária de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará, Sandra Monteiro, que destacou a importância de avançar na produção de hidrogênio verde e na exploração responsável de minérios, de forma a garantir desenvolvimento com respeito socioambiental.

Uma das intervenções mais marcantes foi a da diretora da FUP e do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, que alertou para os riscos de uma transição energética liderada exclusivamente pelo mercado. Segundo ela, o Brasil corre o risco de se tornar apenas um exportador de matérias-primas e um importador de tecnologias “verdes” se não houver protagonismo do Estado nesse processo.

“A transição energética é necessária, mas ela não pode ser feita às custas da precarização do trabalho. Precisamos garantir que a mudança para fontes mais limpas seja justa para a classe trabalhadora”, afirmou Bárbara.

Ela pontuou que, embora países ricos sejam os maiores emissores históricos de gases do efeito estufa, o Brasil ainda tem grande parte de suas emissões ligadas ao desmatamento e à agropecuária. No entanto, o setor de transportes baseado em combustíveis fósseis continua sendo um dos principais emissores, evidenciando a urgência na adoção de combustíveis de baixo carbono e na modernização da matriz energética.

 

A apresentação também evidenciou que a maior parte das emissões da Petrobrás está concentrada no chamado escopo 3 – aquelas geradas pela queima dos combustíveis pelos consumidores finais. Isso reforça a necessidade de políticas públicas que incentivem o uso de tecnologias limpas e sustentáveis.

O Sindipetro-CE/PI reafirmou sua pauta de reivindicações regionais, como a reativação da planta da PBio em Quixadá, a manutenção da Transpetro, o uso das plataformas em Paracuru, além do apoio à exploração da Margem Equatorial e ao avanço de projetos de energia eólica offshore no litoral cearense, sempre com a liderança estatal e respeito aos direitos sociais e ambientais.

Sandra Monteiro.

Haroldo Neto.

O evento também contou com a presença de diversas entidades convidadas, reforçando a unidade em torno da pauta da transição energética justa: União de Jovens do Vicente Pizón, UJS, UJR, UEE, PCdoB, JPL, UNEFORT, além dos ex-vereadores Ronivaldo Maia e Evaldo Lima, que reforçaram o compromisso histórico do campo progressista com a defesa das estatais e da soberania nacional.

Encerrando os debates, Bárbara Bezerra destacou o papel do movimento sindical na construção de um novo modelo energético:

“Não existe transição energética justa sem democracia energética. A classe trabalhadora precisa ser parte do processo, e não vítima dele.”