CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE A RELOCAÇÃO DO PARQUE DE TANCAGEM DO MUCURIPE PARA PECÉM

1.INTRODUÇÃO

A respeito de matéria publicada pelo Governo do Estado na seção DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO datada de 05/12/2024 abordando a questão do deslocamento do parque de tancagem localizada no Bairro Vicente Pinzon próxima do Porto do Mucuripe, cujo link postamos abaixo, temos algumas considerações que entendemos haver necessidade de serem abordadas nos debates sobre o tema.

LINK:

https://www.ceara.gov.br/2024/12/05/terminal-de-tancagem-do-porto-dopecem-deve-ampliar-logistica-de-distribuicao-de-combustiveis-e-aumentarcompetitividade-no-ceara/

“Nós vamos iniciar a solução de um sonho do povo de Fortaleza, que é o deslocamento da tancagem do Mucuripe para o Porto do Pecém. Tenho certeza que garantirá uma maior competitividade na distribuição de combustíveis do estado do Ceará”, afirmou o Governador Elmano.

2.CONSIDERAÇÕES

Entendemos que a discussão deva abordar questões logísticas específicas, que até o momento, não identificamos que estão sendo discutidas nas abordagens ou textos divulgados sobre o tema. Pela complexidade de ações que envolvem essa mudança, elaboramos a seguir algumas premissas que devem ser observadas.

2.1. Existe uma logística específica no tocante ao transporte rodoviário de uma carga que desembarque pelo Porto do Mucuripe e se destine ao Porto do Pecém ou mesmo para municípios no interior do estado, no caso, o veículo recebe a carga no Porto em Fortaleza e segue para seu destino com algumas opções:

2.1.1.Av. Zezé Diogo / CE 010 / BR 222 / CE 421 / CE 422 / Porto do Pecém

2.1.2. Av.Abolição / Av.Leste Oeste / Av.Mister Hull / CE 085 / CE 422/ CE 421 / Porto

2.2. Os percursos acima são os usuais, considerando-se somente o transporte ponto a ponto, onde o caminhão ou carreta carrega no porto do Mucuripe e segue percurso até o porto do Pecém.

2.3. Os caminhões que abastecem a rede de posto de combustível em Fortaleza fazem percursos diversos pela cidade até o parque de tancagem no Mucuripe, carregam e retornam ao posto. Estes veículos possuem capacidades variando entre 20.000 a 50.000 litros, porém devido a proximidade entre a rede de postos e o parque de tancagem, as operações são pontuais, sendo proporcional ao volume de venda de cada posto.

2.4. Porém o que não está sendo discutido é que com a mudança do parque de tancagem de Fortaleza para Pecém, existe um novo componente que é a distância de cerca de 52 a 54 Km ( varia conforme o percurso descrito no item 2.1) aumentará consideravelmente o fluxo de caminhões ou carretas transportando combustíveis circulando pelas estradas, com a agravante de que para atender aos postos, os veículos pesados deverão entrar em Fortaleza por 03 pontos principais: BR 116 / BR 222 / BR 020 e a partir dessas vias circularão nas ruas da capital até os postos. A questão básica: Os órgãos como DETRAN, DNER, Policia Rodoviária Estadual e Federal possuem algum estudo sobre este aumento do tráfego de veículos pesados e seu impacto nas vias ?

2.5. Outro fator que vai impactar no custo do combustível para a população, é o percurso de cerca de 104 a 108 km de ida e volta entre as duas cidades. Levando-se em conta que o veículo faz o trajeto Fortaleza / Pecém vazio, e no retorno Pecém / Posto carregado com o combustível, não será possível portanto remunerar o preço do frete da viagem de ida com o veículo vazio.

2.6.Esse valor do frete referente ao percurso adicional vai causar um aumento no preço do combustível na bomba, uma vez que o preço do frete deve ser repassado para o consumidor, como custo adicional, tendo em vista que não existe legislação que garanta um subsídio para este custo.

2.7. Considerando que para reduzir o valor do frete as empresas transportadoras devem utilizar caminhões ou carretas com maior capacidade, também não está sendo estudado em nossa visão esta tendência.

2.8. Outro ponto a ser discutido é a necessidade de pátios de manobra dos caminhões tanques, tendo em vista a natureza da operação que é mais crítica do que os veículos que transportam contêiners, porque a carga líquida inflamável exige um plano de emergência e contingência diferente e que traz riscos adicionais quando manobrando próximo de outros veículos.

2.9. Além dos fatores levantados, identificamos haver necessidade de que se estude uma programação para o transporte desses inflamáveis e sua interferência com o trânsito de Fortaleza. Um exemplo simples, é o congestionamento na Av. Mister Hull em dias normais, quando ocorre uma pane ou colisão de veículos, fatores que devem ser estudados e confrontados com o aumento do fluxo de transportes de inflamáveis.

3.CONCLUSÃO

Nosso objetivo é colocar os pontos mencionados para que possam ser analisados e discutidos, tendo em vista que não vimos essa discussão sendo efetivada e a partir dessa discussão, avaliadas e estabelecidas ações preventivas ou mitigadoras para as questões levantadas, com o objetivo final de evitar que a população seja submetida a vários fatores que vão surgir a partir da execução dessa mudança.

 

Atenciosamente,

Roberto Viana Dantas 85 98848.1401

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