Conforme o Sindipetro CE/PI alertou para a sociedade cearense, hibernar o terminal de
Regaseificação do Pecém traria graves consequências. Apesar do aumento de geração eólica e solar, o Brasil sofre com elevadas temperaturas que ocasionam aumento no consumo no horário de pico (principalmente baixa potência nas pontas do sistema), além de efeitos danosos da seca,
como a redução do nível dos reservatórios das hidrelétricas no Norte do país.
Neste cenário, o estado do Ceará deixa de contribuir na geração termoelétrica por não
dispor de fornecimento robusto de gás natural. Além de não contribuir nacionalmente, ainda perdemos os empregos, atração de investimentos e impostos associados à geração de energia.
Todo o gás utilizado nos parques industriais, termoelétricas e automóveis do Ceará é
atendido por uma pequena produção local de biogás em Caucaia e na sua maioria, fornecido de forma cativa de um único fornecedor privado que adquiriu os campos terrestres potiguares. Em 2019, o gasoduto que interliga a Bahia ao Ceará foi vendido pela Petrobrás para um grupo francês,
acarretando em aumento de preços para os consumidores finais, nenhuma construção ou
aumento da malha conforme prometido e insegurança no fornecimento por paralisações no período.
Em 2020, as plataformas de Paracuru foram hibernadas e o gás natural produzido nas
águas cearenses que já era escasso, devido aos baixos investimentos, foi totalmente interrompido.
Por último, em 2023, hibernou-se o terminal de Regaseificação do Pecém. O terminal que estava colocado à venda desde 2020 não encontrou comprador. Foi doado pela Petrobrás, numa decisão tomada no final do governo anterior, para o Porto do Pecém, onde segue parado e sem a manutenção mínima requerida para uma instalação como essa. Só o fechamento deste terminal, resultou na hibernação da TermoFortaleza (327MW), interrupção da produção da TermoCeará (220MW) e cancelamento do projeto da termelétrica PortoCem (1572MW). Outras indústrias que são dependentes do gás natural, seguem represando investimentos pelas incertezas no fornecimento.
O parque termelétrico nacional funciona como um seguro para períodos de seca e foi
idealizado para que os apagões de 2001 nunca voltassem a acontecer. Com a imprevisibilidade dos climas extremos com as mudanças climáticas, as termoelétricas tornam-se muito mais que necessárias. O gás natural é considerado o combustível da transição energética, pois seu processamento retira vários contaminantes que queimariam na atmosfera como enxofre e NOx.
O Sindipetro CE/PI reitera seu compromisso no retorno de todos os ativos da Petrobras
que tiveram suas operações descontinuadas no Ceará: usina de biodiesel de Quixadá (hibernada), plataformas marítimas de Paracuru (hibernardas) e terminal de Regaseificação do Pecém (doado
e hibernado).
Nossa opinião é que a Petrobrás deveria reverter a doação do terminal, utilizando todos os meios possíveis, garantindo assim o fornecimento de gás natural ao Ceará nesse momento de escassez hídrica nacional. De imediato, isto provocaria intenções de reabertura de termoelétricas no Pecém, conversão das unidades que hoje utilizam carvão mineral e garantiria o pleno funcionamento da TermoCeará que não opera de forma competitiva apenas com diesel.
Conclamamos os políticos, indústrias e a sociedade cearense em defesa da segurança
energética do estado do Ceará, pela geração de empregos e arrecadação de impostos que
melhorarão a distribuição de renda e a qualidade de vida da população.