O Sindipetro CE/PI, em nome dos seus associados, vem, através dessa nota, repudiar veementemente e demonstrar sua indignação com a interrupção das operações da Transpetro no Terminal de Regaseificação do Pecém. Esta decisão resultou na transferência de 11 empregados da Transpetro com suas famílias para outros estados e na demissão de pelo menos 23 contratados que prestavam seus serviços na unidade. Também ocasionou a hibernação da Termofortaleza (empresa do grupo Eneva com capacidade de gerar 327MW de energia) e gerou prejuízos à TermoCeará (termoelétrica da Petrobrás no Estado com capacidade de 220MW) que corre risco de fechar devido à baixa competitividade em disputar leilões com diesel ao invés de gás natural. Ainda poderá gerar insegurança energética à cidade de Fortaleza que recebia gás natural através da Cegás.
O Terminal, inaugurado pelo governo Lula em 2008 com capacidade de processamento diário de 7 milhões de m³ de gás natural liquefeito, encerrou ontem suas atividades após longa negociação da Petrobrás e CIPP S/A (Complexo Industrial e Portuário do Pecém), uma joint venture controlada pelo governo do estado do Ceará que administra o Porto do Pecém e conta com participação acionária do Porto de Roterdã.
O imbróglio, que envolvia a devolução do píer 2 pela Petrobras, sempre pareceu favorecer empresas internacionais (principalmente holandesas) em detrimento à estatal. É inadmissível que um negócio já constituído e que garante a segurança energética nacional seja substituído por promessas, mesmo se tratando dos cobiçados hidrogênio e amônia verdes.
O Sindipetro CE/PI, alinhado à política energética do Governo Lula, acredita na transição energética justa, onde nosso país, dito pobre e em desenvolvimento, não pode abrir mão da energia barata. Isto sacrificaria o acesso aos bens de consumo da população carente, prejudicando além da inflação, a economia e o desenvolvimento do país. Não somos contrários à chegada de novas fontes de energia limpas. Pelo contrário, acreditamos que o aumento constante do consumo energético deve ser complementado por tais fontes, já que o petróleo é um bem finito que deve ser destinado para usos mais nobres como a petroquímica.
Consideramos contraproducente e perigoso não diversificar as fontes energéticas. Principalmente, tratando de gás natural, insumo importantíssimo para a indústria que é utilizado tanto na síntese de produtos como na geração térmica e termoelétrica. Além disso, é considerado pelos especialistas como o combustível limpo da transição enérgica devido aos menores teores de enxofre e possibilidades de captura do gás carbônico.
Nosso sindicato, por diversas vezes, solicitou audiências com o governador Elmano de Freitas para explicar os pormenores e as implicações graves que estavam por ocorrer. Reiteradamente, enviamos recados por interlocutores, secretários e assessores. Nossa última esperança, o encontro do governador com o presidente da Petrobras Jean Paul Prates, também não se mostrou exitoso em resolver a questão.
Solicitamos que o Governo do Ceará, CIPP S/A e Petrobras venham a público justificar quais entraves foram responsáveis pela interrupção das operações do terminal de regaseificação do Pecém, explicar como serão utilizados os equipamentos que serão doados a partir de 01/01/2024 e como não foi pensada uma solução mais óbvia e simples de construir um novo píer, ao invés de perder os investimentos já instalados no píer 2.