Senador Jean Paul chamou Sachsida de “negacionista” pela proposta de estudo sobre privatização durante encontro da Federação Única dos Petroleiros

O anúncio do decreto que poderá iniciar os estudos para a privatização da Petrobras feito na quinta-feira (12/5) continua repercutindo no meio político. Nesta sexta-feira (13), o senador e líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), chamou Adolfo Sachsida de “negacionista” pela proposta em seu primeiro ato como ministro de Minas e Energia.

“Agora, abriu a porteira de vez. Privatizar a PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) é como privatizar a Receita Federal. A PPSA é a União, ou seja, o Estado brasileiro. É uma loucura”, afirmou. “O cenário de uma Petrobras privatizada já está entre nós. Ela já atua como empresa privatizada, tanto é que o Bolsonaro fala que não tem como alterar o preço”, afirmou Jean Paul.

As críticas do parlamentar, autor do PLP dos Combustíveis aprovado no Congresso Nacional, aconteceram durante a 10ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP). O senador, que também é presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, participou da mesa de debate Reconstruir a Petrobras é possível: Propostas da FUP para o setor de óleo e gás nacional, que contou também com a participação do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

Citando a Lava-Jato, Prates destacou que a operação não pode tirar o partido dos debates sobre o futuro da estatal. “Um país autossuficiente tem que expandir o mercado e comprar refinarias lá fora. Não podemos deixar que destruam a indústria nacional, os planos estratégicos de um Brasil autossuficiente. Precisamos recuperar a hegemonia da Petrobras”, declarou.

Perspectiva de alta

O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse que os preços dos combustíveis não deverão cair até o fim de 2022. “Não há ninguém que aponte uma queda até o final do ano no preço do petróleo. A perspectiva é de preço alto, ficando na faixa de US$ 100/barril. Em relação ao diesel, podemos ter uma queda no segundo semestre de 2022, se a China resolver os problemas de fornecimento de gás natural e se o inverno europeu e americano não forem intensos. Portanto, não temos um cenário de alívio até o final do ano”, explicou.

Greve dos petroleiros

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT), Deyvid Bacelar, afirmou ontem que, caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) avance na intenção de privatizar a Petrobras, a categoria entrará em greve. “Em vez de buscar um ‘bode expiatório’ para enganar a população, fingindo preocupação, Bolsonaro deveria assumir o papel de mandatário e acabar com essa política de preços covarde, que vem levando o povo cada vez mais à miséria. Bolsonaro: você vai ver a maior greve da história da categoria petroleira caso ouse pautar a privatização da Petrobras”, avisou.

Críticas anteriores

O senador Jean Paul Prates já havia criticado a exoneração do então ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, pois a medida poderia criar uma confusão quanto à política setorial do petróleo e gás e de energia em geral.

Prates ainda também disse que a escolha de Sachsida não era estratégica ao setor energético: “Saído das hostes do Ministério da Economia. Não é uma pessoa do setor energético”, comentou.

[por Deborah Hana Cardoso, em Correio Braziliense, postado em 13/05/2022 15:34 / atualizado em 13/05/2022 16:29]