A situação do Brasil é de instabilidade, mas a gestão atual da Petrobrás consegue piorar o momento
Após uma semana do anúncio que os offshores do Ceará seriam transferidos, a Petrobrás enviou e-mail na noite do dia 09/04, quinta-feira, anunciando o resultado da decisão dos gestores, mas com informações básicas e mal esclarecidas. Devido ao feriado do dia seguinte, os trabalhadores não tiveram como contatar os canais disponibilizados para buscar detalhes sobre o destino de seus empregos e, consequentemente, o futuro da sua própria família. A empresa parece regozijar ao prazer de deixar a força de trabalho entregue a ansiedade e ao mais completo silêncio.
Contudo, até o presente momento, os contatos ao RH, 0800 e chat, em nada acrescentam com novas informações. Eles orientam buscar o RH local, sem dizer sequer quem do RH local seria o responsável pelo comitê de preparação. Ansiedade e silêncio da gestão é o brinde dado aos petroleiros, talvez na tentativa de vencer individualmente qualquer resistência da classe.
Confira o relato:
Minha primeira tentativa foi dia 13/04, liguei para o 0800 e o ramal estava sempre ocupado. Retornei o email perguntando detalhes, nenhuma satisfação. Tentei via chat, queria saber pelo menos meu regime de trabalho no novo local, mas não tinham ou não queriam dar essa informação. A Petrobrás fornece canais para tirar dúvidas, mas esses canais não funcionam. Como pode ter uma transferência às cegas dessa forma?
Hibernações: Castello Branco se aproveita da desgraça causada pelo Covid 19 e tenta desmontar a Petrobras mais rápido do que já planejava
A direção da Petrobras está perdendo o ativo mais importante que a empresa tem: seus trabalhadores, principalmente os mais experientes. Qual o futuro da companhia sem esses trabalhadores? As hibernações das unidades deixam sem local de trabalho centenas de petroleiros próprios e terceiros e de maneira oportunista, a atual gestão da empresa acelera o desmonte da estatal e credita essa façanha à conjuntura provocada pela guerra de preços do petróleo e consequente queda no preço do barril e também, pela pandemia do COVID-19.
A FUP solicitou à Petrobras informações sobre as hibernações de unidades e recebeu uma resposta genérica: “a Petrobras tem implementado gestão ativa de portfólio e este processo de venda ou compra de ativos faz parte da rotina da empresa”.
Além de naturalizarem os processos de desinvestimentos, que correm como sempre na companhia, os gestores da empresa afirmam que diariamente os cenários são reavaliados para tomada de decisão para cada um dos ativos. Ou seja, fica a cada dia mais visível a falta de capacidade para gerir uma estatal e escancara o fato dos trabalhadores não estarem nas suas prioridades.
Flavio Fernandes, diretor de comunicação do Sindipetro CE-PI denuncia que a pandemia se tornou desculpa da vez para toda sorte de medidas que penalizam ainda mais o povo e a classe trabalhadora. “Na Petrobrás, ela está servindo para aprofundar o desmonte: parada da produção e hibernação dos campos de águas rasas, rescisão de contratos, demissões da força de trabalho terceirizada, agudização da precariedade das condições de trabalho, ambiência, segurança e saúde do conjunto dos trabalhadores e até mudança de regimes e jornadas de trabalho com redução salarial para os empregados próprios”, diz Fernandes.