10/11/2017
Dia Nacional de Paralisações e Marcha da Esperança reforçaram agenda de lutas das centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda contra os incessantes ataques do governo ilegítimo

O Sindipetro CE/PI, as Centrais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo reuniram cerca de 20 mil pessoas de 160 municípios cearenses no Centro de Fortaleza durante toda a manhã desta sexta-feira (10/11) para protestar contra a Reforma Trabalhista, que entra em vigor neste sábado (11), e alertar que o Brasil irá parar se a reforma da Previdência for encaminhada para votação na Câmara dos Deputados. O ato foi um movimento unificado também com partidos de esquerda e demais centrais: Central Sindical e Popular (CSP Conlutas), Central dos Trabalhadores do Brasil no Ceará (CTB-CE) e Intersindical. Lojas do Centro também fecharam as portas durante o ato pacífico, que se encerrou por volta do meio-dia.

Douglas Uchoa, diretor administrativo do Sindipetro CE/PI, aponta como única saída para o Brasil ‘o trabalhador na rua’, contra o governo golpista e seus retrocessos trabalhistas e previdenciários. “Essa reforma [trabalhista] vai trazer um grande prejuízo para a classe trabalhadora por colocar todo o poder de mudança nos acordos de trabalho na mão dos empresários, o que será um prejuízo imenso para nós trabalhadores, que ficaremos à mercê dos empregadores”.

Douglas ainda relatou a quantidade de crimes que o governo ilegítimo de Michel Temer vem delapidando na Petrobrás. Entre eles, um no Ceará, que foi o fechamento da Usina de Biodiesel do Ceará. “Para além de todos esses ataques, esse governo ainda está desmontando nossa empresa, estão diminuindo a carga das refinarias para privilegiar a importação desses derivados, diesel e gasolina. Ao invés de tirarmos nosso petróleo e nós mesmos processarmos e vendermos, eles estão priorizando comprar de fora. Destruiram a indústria naval que tinha sido reativada.

No Ceará será instalada uma refinaria chinesa, processando petróleo iraniano, mesmo nós tendo a Petrobrás para fazer essa refinaria e o pré-sal para fornecer petróleo. Mas o que fizeram, foi vender a um centavo de dólar o barril de petróleo do pré-sal.

 

Os atos ocorreram na véspera da data em que entrará em vigor a Reforma Trabalhista, 11 de novembro. A Reforma Trabalhista, aprovada em julho deste ano, retira direitos conquistados pela classe trabalhadora brasileira ao longo de sete décadas, desde 1943, quando ocorreu a primeira edição da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O movimento marca o Dia Nacional de Paralisação e Luta contra os retrocessos promovidos pelo governo de Michel Temer. Em Fortaleza, também se uniram no ato movimentos da Juventude, Mulheres, Negros/as, LGBTs, comunidades eclesiais de base, estudantes e trabalhadores de diversas categorias.

Ainda durante a concentração para a atividade, na Praça da Bandeira, o presidente da CUT-CE, Wil Pereira, destacou a força do Ceará em mobilizações e atos nacionais. “Isso é fruto da unidade das centrais e partidos de esquerda. Isso não é mérito de uma central só”, enfatizou Wil, agradecendo ainda aos parlamentares que votaram contra a reforma trabalhista, aos movimentos sociais e aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que também vieram do Interior.

O dirigente reforçou também a importância da luta dos movimentos integrados na Frente Brasil Popular no estado. E le,brou ainda Campanha Nacional pela Anulação da Reforma Trabalhista, realizada em todo o Brasil, por meio de abaixo-assinado em apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) que anule a medida. Representando a Frente Povo Sem Medo e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Dóris Soares também apontou a unidade dos movimentos sociais, sindical e partidos de esquerda como a forma de garantia de vitória.

Servidores municipais reforçam luta na Marcha da EsperançaTambém se uniram ao ato, que teve início na Praça Clóvis Beviláqua (da Bandeira), os trabalhadores que participavam da Marcha da Esperança, organizada anualmente pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), desde 2010. Manifestantes de 160 municípios cearenses representaram o estado durante o ato. Na Região do Cariri também houve caminhada, que seguiu da Praça da Prefeitura de Juazeiro do Norte até a Praça Padre Cícero.

“Nosso movimento de rua tem como protagonistas os servidores municipais, que se juntam neste ano a funcionários públicos estaduais e federais numa grande agenda de resistência popular”, disse Enedina Soares, presidenta da Fetamce. A dirigente também reforçou a união de trabalhadores de todos os ramos, partidos de esquerda e movimentos sociais ma luta contra tantos retrocessos impostos pelo atual governo.

Soberania nacional e luta de classes em pauta

Uma das paradas que marcaram a caminhada ocorreu na Praça do Ferreira, em frente à Caixa Econômica Federal, que também baixou as portas. Marcos Saraiva, um dos diretores do Sindicato dos Bancários do Ceará, explicou para a população as ameaças ás conquistas sociais representadas pelo banco: “Estamos aqui defendendo o que é público. Se é público, é para todos. Nesse momento em que vivemos, a Caixa é uma das entidades mais atacadas pelo governo Temer. A Caixa é nossa, é do povo, e vai continuar cumprindo seu papel social pelo povo. Vivemos um momento de constantes ataques”, alertou o dirigente.

Para Graça Costa, uma das dirigentes nacionais da CUT, o debate é de resistência em todo o país: “Estamos organizando, de forma unificada, um enfrentamento que temos de fazer para o próximo período. O golpe está em curso. Os ataques ocorrem nos setores público e privado e atingem toda a população. O Brasil está sendo vendido a preço de banana. E é necessário mais formação para a resistência na luta de classes. Vamos continuar firmes”.Diassis Diniz, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará, também reforçou o perigo dos ataques à classe trabalhadora jamais vistos na história do país. “A reforma trabalhista que está sendo apresentada como solução nacional para a criação de postos de trabalho é, na prática, um retorno ao início do século 19, quando não havia proteção nem sindicatos”, disse.

Com informações da CUT-CE.