Entrevista da jornalista Rita Cardoso, do Sindipetro Rio Grande do Sul, com o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Cloviomar Cararine. Confira:
1) Qual o número de empregados diretos e indiretos da Petrobrás?
R.: Segundo site da Petrobrás, em março de 2016 a empresa possuía 78.406 trabalhadores diretos, divididos em 57.044 na empresa controladora, 14.500 nas empresas subsidiárias e controladas, e 6.862 no exterior. Este número estará menor, por conta das saídas com o PIDV (programa de desligamentos voluntários)
Em relação aos terceirizados, a última informação publicada no Relatório de Administração 2015 da empresa, aponta para 158.076 trabalhadores terceirizados.
2) E quanto a Petrobrás gera numa cadeia de empregos?
R.: Em estudo apresentado pela Petrobras nas discussões da Pauta pelo Brasil, constatou-se que, para cada R$1 bilhão de investimentos da empresa, realizados no país, podem gerar cerca de R$860 milhões de valor adicionado (ou PIB) na economia brasileira e cerca de 19.300 novos postos de trabalho.
3) Qual o investimento financeiro da Petrobrás hoje no país?
R.: Segundo informações divulgadas nas Demonstrações Contábeis do 2º trimestre de 2016, a Petrobrás investiu R$29 bilhões nos 6 primeiros meses de 2016. Esse investimento é total, não separando quanto dele foi realizado apenas no Brasil.
4) Quanto ela investiu em tecnologia nos últimos anos? E o que podemos citar de exemplo desses investimentos?
R.: A Petrobrás investiu em 2015, US$630 milhões em Pesquisas e Desenvolvimento (P&D). Entre as empresas do setor de petróleo no mundo, ficou em 5º lugar. A média de investimentos entre 2011 e 2014 chegou a US$1,2 bilhões. Todas as empresas de petróleo diminuíram seus investimentos pós queda no preço do barril.
Entre os principais efeitos podemos citar: a) a descoberta do pré-sal e sua viabilidade; b) todo investimento na criação de centros tecnológicos como o Cenpes (RJ) e investimentos em 12 universidade e centros de pesquisas no Brasil; c) pela 3ª vez premiada na OTC em 2015.
5) Quem atualmente define os preços de combustíveis com este novo governo?
R.: Os preços dos derivados de petróleo, nas refinarias, são definidos pela Direção Executiva da Petrobrás, mas é discutido no seu Conselho de Administração. Sempre foi assim. Como o governo federal possui maioria no conselho de administração da empresa e escolhe a Direção Executiva, acaba influenciando nessa decisão.
Já o preço na bomba de combustível, para o consumidor final, dependerá ainda dos impostos, transportadores, revendedores e donos dos postos de combustíveis.
6) Fazendo uma comparação com outros países que privatizaram suas petrolíferas, quanto a gasolina poderá custar caso a Petrobrás seja privatizada?
R.: Este valor é difícil de saber.
A partir de agora, conforme assumiu a empresa em comunicado, adotará uma nova politica de preços. Tem como base a paridade com o preço internacional, ou seja, acompanhando as variações do preço no mercado externo. Essa não é uma “nova” política, pois era praticada pela empresa nos anos 1990 até 2002. Foi modificada a partir de 2003, passando a manter um preço mais estável dos derivados, acompanhando o preço internacional, mas sem grandes mudanças no preço interno. Com essa mudança, os preços internos ficam expostos às imensas variações que sofrem o setor de petróleo no mundo, como conflitos geopolíticos e etc.
No Brasil há liberdade na política de preços nesse mercado de combustíveis, ou seja, cada uma das empresas envolvidas na comercialização desses produtos podem praticar o preço que quiser. Assim, mesmo que a Petrobrás reduza preços nas refinarias, as empresas que transportam e revendem o combustível podem não repassar para o consumidor e ficar com esse ganho, conforme aconteceu na semana passada.