Caros petroleiros e petroleiras do Ceará,

A conjuntura a seguir justifica sua convocação para evento que está sendo pensado para o dia 1º de maio, dia do trabalhador.

Gostaria de confirmar com qual dos Srs. a categoria petroleira do Ceará vai poder contar, neste grave momento onde somos atacados por todos os lados, através da ameaça de privatização disfarçada de desinvestimento patrocinada pelo governo PT/PMDB, para a promoção de um evento de mobilização (e não de paralisação) da nossa categoria, para:
  1. Resistir a privatização sob a ameaça do desinvestimento;
  2. Defender a Petrobras dos “urubus” do mercado financeiro;
  3. Resistir a iniciativa do Sen. José Serra/PSDB de revogar a Lei da Partilha – Lei nº 12.351/2010 do Pré Sal brasileiro, para o antigo formato de concessões, onde quem explora é dono do petróleo;
  4. Criar fato jornalistico e político que nos permita romper o bloqueio da mídia, para esclarecer a população o que significa manter a Petrobras sob as rédeas do Estado, mostrar que é possível fortalecê-la e blindá-la contra a corrupção, através da transparência de sua gestão e do controle dos trabalhadores;
  5. Esclarecer a população sobre a contribuição empresa ao desenvolvimento nacional, sobre o que significa as cláusulas de conteúdo nacional para o desenvolvimento de ciência & tecnologia nativas, mostrando onde isso afeta a vida de cada um;
  6. Traduzir o que significa a industria de petróleo como fonte de riqueza e de passe para o futuro da nação, em termos de educação, saúde, bem estar social e soberania;
  7. Alertar para o processo de desnacionalização da economia, iniciado por Collor, turbinado por FHC e perpetuado por Lula e Dilma, no que resultou transferir para o NÃO RESIDENTES (estrangeiros) o controle de mais 70% do PIB nacional, resultando hoje na maior vulnerabilidade econômica e entrave ao desenvolvimento.
Alerto, que tal evento só será possível se contarmos com o voluntarismo dessa nossa diretoria e dos nossos associados.
Para justificar essa iniciativa, vamos traduzir em texto infra, a alarmante conjuntura política nacional, para que seja compreendida a gravidade do momento.
Conjuntura:
  • Se o Congresso antes das eleições presidenciais era classificado como conservador e menos permeável e sensível aos clamores populares, o  Congresso atual é ainda pior e muito mais conservador, capaz de reverter direitos e avanços sociais, sem falar da sua subordinação ideológica a interesses anti-nacionais;

  • A direita saiu mais fortalecida das eleições com um PSDB logrando 48 milhões de votos e com o PMDB dominando os principais ministérios da República, dominado a economia e ainda  respondendo pela presidência das duas casas legislativas;

  • A peça chave do oligopólio midiático, que já esteve a beira da falência foi paradoxalmente salva pelo governo do PT e como “pagamento” vem apoiando movimentos de direita e extrema direita, através de uma ação estruturada que inocula ódio político em significativa parcela da sociedade, que ainda pode resultar na desorganização política e social da nação, favorecendo a mais um golpe contra a democracia com todas as consequências nefastas a população assalariada e trabalhadora.

  • Crises são criadas por todos os lados e veiculadas 24h por dia por esta mídia incansável e golpista, que desviam a atenção da população do que realmente interessa, que é luta por uma sociedade, justa, igualitária, educada, bem alimentada, saudável e feliz, num ambiente democrático e politicamente consciente;

  • Uma presidenta que ganhou a eleição com uma proposta progressista onde iria enfrentar a crise econômica com crescimento e não realizaria ataques aos direitos dos trabalhadores. No entanto, quando eleita passou a servir a uma direita privatista, que atacou os direitos dos trabalhadores e já reverteu algumas “conquistas” alcançadas por medida provisória, além de sugar recursos na forma de generosa ajuda aos capitalistas, pelo Estado brasileiro, em detrimento das classes populares;

  • Um mercado de capitais, que está exultante com a possibilidade de colocar as mãos em parte da Petrobras, senão nela toda, e com a permissão do Governo eleito, que sede à conspiração da mídia subserviente aos interesses do capital local e notadamente do internacional no caso da Petrobras;

  • Os Trabalhadores estão no momento duplamente prejudicados por não estarem representados na política, já que o compromisso dos seus pretensos representantes não era com eles, mas sim com as exigências de seus patrões com quem não podiam romper, em face de suas alianças econômicas (financiamento de campanhas), por isso a manutenção do rumo geral conservador da economia e da política;

  • Os trabalhadores também estão prejudicados por suportarem centrais e federações cooptadas pelo partido do governo, através de benefícios e vantagens cedidas pelo Estado, e que nada fazem para mobilizar as suas bases contra os ataques orquestrados pelo capital, já que as lideranças não passam de burocratas em busca de seus próprios interesses;

  • Os setores sociais e movimentos populares, que generosamente se dispuseram a votar na candidata “mais progressista” para evitar uma direita retrógrada e privatista, se viram diante do constrangimento de um governo que se moveu rapidamente para implementar tudo aquilo que a direita perversa propôs. Os movimentos sociais e populares já tinham cumprido sua função, agora era o momento da incrível arte do pragmatismo político, no qual o governo do PT tinha de gerar as condições para manter-se no governo até o final e, quem sabe, um próximo mandato. Movimentos sociais, setores populares, sindicatos, centrais, federações e segmentos de esquerda literalmente não negociaram nada. Apoiaram “generosamente”, sem nada exigir pelo apoio oferecido. O governo não se comprometeu formalmente com nenhum dos pontos que constituem a fantasia imaginada de uma inflexão à esquerda. Pelo contrário, deu o tempo inteiro mostras de que não alteraria o rumo da política que enterrou a reforma agrária em benefício do agronegócio, os direitos trabalhistas em nome das condições favoráveis ao crescimento da economia capitalista, as privatizações contra as políticas públicas, o acordo com os fundamentalistas religiosos descartando a luta contra a homofobia e outras pautas, a conivência com velhas formas políticas contra uma verdadeira mudança das regras do fazer política na direção dos interesses populares. Diante deste cenário intricado, o PT mantém-se fiel à sua ação aparentemente errática. Faz todos os esforços para garantir a credibilidade diante do grande capital e de seus aliados de direita, que constituem a base operacional de seu governo; ao mesmo tempo em que precisa mobilizar suas “bases sociais” (de fato eleitorais) para não virar presa fácil contra aqueles que querem sua queda. O governo impõe as chamadas medidas de austeridade e ataca diretamente os direitos dos trabalhadores. O principal partido do governo (talvez o segundo na linha hierárquica depois do PMDB) – o PT – aprova por maioria as medidas de austeridade propostas, e o ex-presidente Lula conclama que elas são necessárias e mente ao dizer que não atacam os direitos dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, conclama suas “bases sociais” (na verdade, em parte aparelhos burocráticos que um dia foram organizações independentes da classe trabalhadora) para atos em defesa do governo, mas contra as medidas de austeridade… do mesmo governo que implementa as medidas. Mobilizam as massas, mas para apassivá-las. Mobilizam-nas para usá-las como instrumento em seu jogo, e não como força própria em busca de seus próprios interesses de classe. É apenas para ameaçar seus aliados e adversários;

  • Para reforçar a ideia do PT que esteve nos últimos quatro anos da Dilma e ainda estará (?) nos próximos, apresento a seguinte imagem: Nas Jornadas de 2013, que foram violentamente reprimidas, por apresentarem um conjunto de demandas sociais como a defesa do transporte público, contra os gastos com os eventos esportivos, contra a violência da política militar, a denúncia dos limites desta pobre democracia representativa, o senhor Cardozo, ministro da (in)Justiça de Dilma, se apressou a cercar de garantias legais a ilegalidade da repressão e criminalização dos movimentos. Já no festival da extrema-direita anticomunista, golpista e sectária, a polícia militar tirava fotos e selfies com os animados participantes vestidos com a camisa da CBF, enquanto à noite o mesmo ministro Cardozo, com todo o cinismo, dizia que precisamos respeitar as manifestações, porque são democráticas.


Exatamente, nesta conjuntura, velhas lideranças apresentam um falso dilema a classe trabalhadora: defender esse governo, ou entregá-lo a uma direita puro-sangue que atacaria ainda mais a classe trabalhadora.


Ocorre que neste momento o Sr. Bendine, nem tão secretamente, se aproveitando da confusão reinante, separa gordas fatias da Petrobrás, sob um falso pretexto de desinvestimento, para entregar a empresa à privatização como compensação aos mercados indóceis, em recompensa pelos desvios praticados por bandidos históricos, que construíram seus impérios injustamente e as expensas de um Estado corrupto, inepto e apartado do seu povo.

Depois de anunciar um “plano de desinvestimento” de 13,7 bilhões de dólares, Bendine anunciou a venda de usinas termelétricas, distribuidoras de gás, campos de petróleo e postos de gasolina da BR Distribuidora, pertencente à Petrobras. Isso praticamente é o que vazou.


Especula-se ainda que estejam sendo considerados, um antigo pleito dos mercados, a entrega dos campos “maduros” e negócios menores e não lucrativos. Nem me atrevo a citar que negócios estão sendo cogitados e qual nossa base está vinculada.


Neste momento, a ação da central a qual estamos suportando é apenas cosmética, sendo a mesma coisa em relação a nossa federação. Enquanto a direita colocou em torno de um milhão de pessoas nas ruas por razões absurdas, e planeja repetir em 12 de abril, nossa representação sindical organizada numa central e numa federação não conseguem (ou não querem) mobilizar nem a própria classe trabalhadora para educar a sociedade no sentido mostrar o que significa a Petrobras para essa mesma sociedade.


Portanto, convoco os senhores diretores do Sindipetro CE/PI a integrar uma célula de resistência aqui, para fazer frente aos ataques difusos que incidem sobre a Petrobras e sobre os nossos próprios interesses.


É preciso resistir ganhando a simpatia da sociedade para a nossa causa, mostrando o que significa o setor de petróleo para o Brasil, o que vale ter a participação da Petrobras nesse mercado, qual o benefício do conteúdo nacional nos projetos de engenharia e o que isso significa no seu dia a dia das pessoas e que representa canalizar de recursos para a saúde e a educação do brasileiros em torno de 50 anos de petróleo, considerando reservas e consumo atuais, já que nos dias de hoje o ambiente reinante é o da desinformação, seara fértil para a manipulação midiática.


O maior entrave estrutural para o crescimento e desenvolvimento do país é justamente a desnacionalização da economia e seus efeitos perversos na sociedade. De Collor até aqui já entregamos em mãos de não residentes mais de 70% de nossa economia, tirando do país o centro das nossas decisões. Em sua maior parte as empresas antes nacionais são comandadas por playres norte americanos, daí a ingerência desse Estado em nossa política, via ONGs, Mídia e organismos multilaterais.


Conto com o seu voluntarismo para participar de iniciativa inédita do nosso sindicato, que será a abordagem da sociedade civil, no sentido de orientá-la, para conosco, defender os  seus mais justos e legítimos interesses.


Assim, espero que cada um, de forma voluntária, se apresente para ajudar na organização de um evento, que dependendo da nossa organização e coordenação, ocorrerá no dia 1º de maio, dia do trabalhador. Diretoria Transparência e Ação! [email protected].br