A passagem dos 30 anos da tragédia de Enchova, que matou 37 petroleiros em 16 de agosto de 1984, foi lembrada por meio de ato solene no início da manhã de hoje, durante o 16º Congresso da Federação Única dos Petroleiros. Lideranças sindicais se revezaram na tribuna para reivindicar segurança no trabalho e denunciar o que muitos chamaram de esquecimento contumaz da Petrobrás e demais empresas do setor petróleo em relação às lições deixadas pelos acidentes.

“A Petrobrás tem vergonha de lembrar datas como a de hoje e a da P-36. Para ela, é uma substituição de nomes e números”, disse o coordenador geral do Sindipetro-NF, José Maria Rangel.

Para o sindicalista, cada acidente é “um pouco responsabilidade de cada um de nós, porque falhamos na conscientização da categoria”. Segundo ele, os próprios trabalhadores precisam dar a prioridade devida ao tema.

“A Petrobrás não aprendeu nada com a tragédia de Enchova, mas nós não podemos fazer o mesmo. Temos um cenário de insegurança, onde mais de 20 plataformas tiveram que ser interditadas nos últimos anos, entre elas a P-62, antes mesmo de operar, e ainda enfrentamos uma realidade de redução de efetivo”, disse José Maria.

Delegação do Ceará e alguns integrantes do MLC.

Entre as lideranças que utilizaram a tribuna para discutir a insegurança no trabalho também esteve o coordenador geral da FUP, João Antônio de Moraes. Segundo ele, “faz parte da natureza do Capitalismo esquecer os mortos, porque os mortos não são deles, não nossos os mortos”.

Durante toda a cerimônia, a delegação do Sindipetro-NF se manteve atrás de uma faixa que registrou os 30 anos da tragédia. Todos os delegados do Confup foram convidados a utilizar a camisa alusiva ao acidente.

Em um dos momentos mais emocionantes do ato, a diretora do NF, Conceição de Maria, que conduziu o cerimonial, fez a leitura dos nomes dos 37 petroleiros mortos na tragédia de Enchova. Após cada nome citado, os delegados respondiam com o grito “presente!”.

O ato foi encerrado com a realização de “um minuto de barulho”, com todos os delegados produzindo o máximo de ruído possível no ambiente, simbolizando que a memória dos mortos deve ser utilizada para chamar a atenção para a insegurança ainda existente.

Fonte: Sindipetro NF