*Paolo Valterson é técnico de segurança do trabalho.
No quadro nacional e os resultados e avanços obtidos, o movimento claramente foi muito positivo. Se por um lado, infelizmente, o Leilão de Libra antecipou o início da greve após uma primeira rodada de negociação – diga-se tardia – por outro é possível afirmar sua contribuição para uma adesão mais rápida. Leituras equivocadas se fazem de que a greve teria unicamente o Leilão como motivo, obviamente essa é uma “bandeira” sustentada pela pelegagem para desacreditar os avanços e reafirmar sempre o “jogo de cartas marcadas”.
Claro que as decisões que fizeram culminar o início tardio das paralizações no CE em relação a outras bases nacionais apresentaram-se como equívocos aos quais vale aprofundamento no debate e isto se faz nas discussões do dia-a-dia. Mas, como foram decisões tomadas por quem estava a bordo (nos referindo ao Mar), há de se acatar. A questão é: o que fizeram os companheiros tomarem tais decisões (não aderir já na quinta, e ainda não reduzir percentualmente ou totalmente a produção na entrega das unidades)? As hipóteses culminam em diversas leituras: na condução do processo de decisão, em manobras articuladas da pelegagem de exclusão do debate e voto, na inexistência de membros sindicais a bordo (irônica coincidência de datas nas plataformas) e outras tantas possíveis. Importante que resultaram na maior parte das unidades em “zero perda de produção”, comemorado no interior das equipes de contingência da companhia que se ocupou por poucos três efetivos dias de greve.

Menções de que tais decisões foram “maduras” (e falsamente tidas como resultado de negociação) expressadas no afago ao que foi conveniente para a Empresa, enaltecimento a “lideranças” cujos “liderados” contínua e historicamente os questionam, ecoam aos trabalhadores que se mentiveram firmes na luta como uma ironia vergonhosa. Essas intituladas lideranças seguiram à risca a cartilha conhecida de sutis – às vezes nem tanto – intimidações e negativas na negociação contingencial.

Não apenas a produção teve continuidade: houve serviços com e sem PT em plenos dias de greve, se usando do poder sobre contratadas. Há ainda um mito de que companheiros profissionais de segurança não fazem greve, suportado pelo equívoco em prol da segurança das unidades de produção. Não se pode existir segurança e impor a um profissional a promoção da segurança quando todas as diretrizes, normas e padrões da empresas estão suspensos por ela mesma (nas vozes imperativas dos capatazes), colocando em risco as unidades e seus entornos e a esse mesmo contingente pelego, desqualificado em operá-las, mantê-las, se deviando de suas funções. Estes sim tornam-se responsáveis pela insegurança quando por si decidem fazer parte do processo escolhendo ficar ao lado da patronagem irresponsável.
Se no dia a dia os capatazes dos que pretensamente acham fazer parte da casa grande já (e não de maneira isolada) contrariam orientações dos profissionais de segurança, é pueril imaginar que a presença  impede que se ocorra toda a sorte de decisões, fazeres e desmandos em prol da produção. E as emergências que surgirem não seriam provocadas pela situação? Tal como com todas as funções, um contingente mínimo, devidamente negociado em condições seguras de processo, de trabalho, de intervenções é bem vindo. E sabemos a companhia não ter aceitado negociar tal condição.

O Sindipetro CE-PI marcou suas posições no conselho deliberativo da FUP, e mantendo o respeito democrático, acatou as decisões. O mesmo respeito que nos utilizamos ao acatar as decisões deliberadas nas assembléias dos trabalhadores, como as já citadas.

A luta pelo Leilão de Libra seguem em outra arena. A terceirização segue avançando e também contuamos a batalha em outros campos.
Onde estavam mesmo os companheiros que não se viu em assembléias, concentrações ou sindicato? Essa não é a hora de estarmos juntos, presentes? Disponilizando-se a qualquer contribuição?
O tempo efetivo de greve foi curto. A muitos petroleiros fica (e tenho repetido) o benefício da dúvida se realmente adeririam, visto não terem sido atingidos pela abrangência em suas escalas de trabalho. Mas foi de reconhecida gratificação ver a adesão por quem alguns pensassem que não o faria. Essa unidade ocorreu sobretudo quando se está junto. Quando se percebe que ficar para trás, pode ser uma decisão arriscada do humano que não quer se sentir só. Embora os porões das casas-grandes pareçam ser confortáveis e até sedutores o suficiente para quem não acredite que possa se apropriar.
Certos e motivados, temos muitas lutas, locais inclusive, a tratar. A bandeira está baixa, mas não a soltemos ou recolhemos. Na luta, sempre!