José Maria Rangel é diretor da FUP e conselheiro eleito para representar os trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás

Tenho defendido desde o início do meu mandato no Conselho de Administração da Petrobrás que a empresa deve fomentar e incentivar a realização de projeto de desenvolvimento e expansão da cadeia produtiva, como no caso do setor naval.

Ao invés de comprar equipamentos no exterior, a Petrobrás deve priorizar a aquisição de produtos locais para gerar empregos e renda no Brasil. Além disso, um projeto desse porte pode impulsionar o desenvolvimento de alta tecnologia no país, segmentos tão escassos na nossa indústria.

Acredito que a atrofia que a indústria brasileira passa desde os anos 1990 se deve a uma atrapalhada e indiscriminada abertura produtiva e comercial, na qual se abandonam os instrumentos de incentivos e as políticas industriais. Por conta disso, iniciativas como a do Projeto Sondas devem ser valorizadas e fomentadas pelas instituições de grande porte do país, inclusive a Petrobrás.

A permissão da entrada do BNDESpar – um braço financeiro do BNDES – pode ampliar a capacidade de oferta de crédito para o desenvolvimento do Projeto Sondas e, ao mesmo tempo, reduzir o desembolso da Petrobrás, num momento em que a companhia necessita de recursos para financiar seu projeto de investimento.

Apesar de concordar com essa mudança, questionei na última reunião do Conselho os atrasos no cronograma de execução e vou insistir junto ao BNDES que não haja demora na liberação dos recursos, pois esses fatores têm trazido prejuízos aos trabalhadores e à sociedade brasileira.

Segundo o jornal “O Globo”, contabilizam-se cerca de duas mil demissões nos estaleiros, entre outros motivos, por conta dos atrasos das obras. Isso é inaceitável!

Não iremos aceitar que o ônus dos atrasos das empresas envolvidas no Projeto Sondas caia sobre as costas dos trabalhadores!

Vou cobrar dentro do Conselho que eventuais atrasos não afetem os trabalhadores, tanto os próprios, como os terceirizados.

Além disso, vou defender junto ao presidente do BNDES que não pode haver atrasos na liberação de crédito em função da morosidade de instituições estrangeiras.

Um projeto dessa dimensão para o desenvolvimento nacional não pode ficar refém de problemas de outros países, ainda se tratando de um banco público, cujos recursos são originados da nossa sociedade.

É uma questão, inclusive, de soberania nacional!