*Marcos Tavares dos Santos é  técnico de operação da Petrobras, na UTGCA (Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba). Formado em economia com especialização em economia do trabalho pela Unicamp

Uma ampla política de difamação aliada a uma postura defensiva e titubeante por parte do governo são os ingredientes dos fatos atuais que tem colocado de um lado a Petrobras e do outro a população brasileira que, por sua vez, recebe informações de meios de comunicação corruptos com interesses bem definidos.

A compra da refinaria de Pasadena tem se tornado o grande cavalo de batalha, um negócio realizado em 2006 quando a visão estratégica da Petrobras era traçada sem que houvesse a descoberta do pré-sal como fator de tomada decisão, deu o combustível que a imprensa engajada em destruir o governo queria para fazer a única tentativa possível para engatar a candidatura de Aécio Neves.

É claro que qualquer cidadão brasileiro tem o direito de desconfiar que tenha havida corrupção e/ou favorecimento na compra da refinaria, até porque, essa compra foi feita a revelia da população, e mais, dentro de um projeto equivocado de internacionalização da empresa que não interessava nem aos empregados da companhia e menos ainda ao povo brasileiro, verdadeiros donos da companhia, mas que só se beneficia com sua propriedade quando ela aplica os recursos no fomento da economia nacional.

Entretanto, fica também claro que não há, por aqueles que gritam contra a ”corrupção” dentro da Petrobras, nenhum interesse em preservar a empresa em nome do povo, o que há na verdade são interesses escusos no sentido de continuar o projeto iniciado nos anos 90 de sucateamento e posterior privatização da empresa.

A Petrobras é instrumento de transformação do povo brasileiro, as descobertas realizadas pela empresa representam a possibilidade de mudança de uma história que aponta para o caos e para a ruína e é disso que eles falam, o que nós em nossos dia a dia não discutimos, mas que está no seio das discussões e dos interesses dos difamadores, o âmago das críticas à empresa está justamente na possibilidade clara de que a empresa, bem administrada e se traçado os objetivos corretos em favor do país, pode significar a alavanca, o combustível que finalmente vire o jogo em favor do brasileiro.

Pelo fato de vivermos hoje sob uma ditadura absurda só existe hoje na praça uma única versão dos fatos, as matérias publicadas são, em sua maioria, compradas com intensão clara de ser atingido um plano maior  que, certamente, não há espaço para a melhoria de vida do povo. É impressionante que não há nenhum receio em se mentir, em se divulgar fatos não apurados e muito menos nenhuma obrigação  em desmentir aquilo que comprovadamente foi publicado erroneamente. É escrito e  falado aquilo que não se pode provar, fecha-se os olhos  para o que quer e ao mesmo tempo cria-se estórias e personagens sem nenhum sentido com a certeza absoluta da impunidade.

Vejo-me, diante de tudo isso, por vezes confundido quando vejo companheiros de luta que, inclusive, já foram alvos do “modus operandi” dessa imprensa corrupta e sanguinária, repetindo e repercutindo ditos que leram ou ouviram. Parecem que esqueceram  que é essa a mesma imprensa que em 1995 chamou os petroleiros de marajás porque estavam de greve por aumento de salário, escondendo, em seus noticiários, que o governo na verdade estava descumprindo um acordo fechado com seu antecessor, é esta imprensa também  que mentirosamente publicou notícias de falta de derivados de petróleo durante as greves no governo FHC, sabiam, mas escondiam, que as refinarias estavam com seus tanques cheios.

O que há, enfim, é uma disputa que  já foi detonada, o problema, no entanto, uma confusão é a confusão dispersa no meio do povo e mais especificamente no meio dos petroleiros um estado completo de letargia e de falta de informação, os sindicatos não estão conseguindo despertar um debate frutífero e verdadeiro sobre os problemas e os perigos que a empresa vem passando atualmente, e há, no meu ponto de vista, uma grande parcela de culpa do governo, que fez a opção clara de manter na empresa esse viés neo-liberal, que fez a opção de manter equipes de gerentes inteiras, mesmo sabendo que eram soldados dos privatistas, e, por outro lado, tentou criar uma lógica desenvolvimentista com o dinheiro da empresa, que é um contrassenso, altamente repugnante, no ponto de vista da classe dominante desse país. Hoje o governo sofre do veneno que criou da contradição estimulou, a Petrobras nem é a empresa que queremos e nem é a empresa que interessa aos senhores feudais, é uma aberração doente, que precisa de ajuda e que pode voltar a significar vida se voltar a ser do povo!