Na manhã desta segunda-feira, 29/8, a presidenta Dilma Rousseff discursa em sessão do Senado que a julga por um crime de responsabilidade inexistente. Se for condenada pelos senadores que apoiam o golpe, o seu afastamento – até então provisório – será confirmado, contrariando os 54,5 milhões de votos que a elegeram como primeira mulher presidenta da República. Desde que foi vítima do golpe, Dilma mantém-se firme no enfrentamento ao processo ilegítimo a qual foi submetida.

Segundo a presidenta, “a ameaça mais assustadora desse impeachment, sem crime de responsabilidade, é congelar por inacreditáveis 20 anos as despesas com saúde, educação, saneamento e habitação. Impedir que por 20 anos mais crianças e adolescentes não tenham acesso à escola, impedir que as pessoas tenham melhor atendimento à saúde, impossibilitar que as famílias sonhem com a casa própria, em um grande retrocesso”. Além disso, “as riquezas naturais e minerais já estão sendo fortemente ameaçadas e privatizadas por este governo golpista”.

Um exemplo de patrimônio público que está em jogo e já está sendo privatizado é o Pré Sal. A história mostrará que estamos vivendo – com o êxito de impedimento ilegítimo – a perda de nosso passaporte para o desenvolvimento tecnológico. Estamos perdendo a chance de trilhar um caminho parecido com aquele escolhido pela Noruega, quando descobriu suas imensas reservas no Mar do Norte, há meio século. Assim, o que está em jogo é o “futuro do país, a oportunidade e esperança de avançar sempre, além da autoestima da população”.

Dilma também faz questão de reafirmar que, após tantos momentos difíceis que passou, como a Ditadura Militar e a tortura neste período, atualmente, “teme apenas a morte da democracia”, e que sabe que este processo de impeachment ganhou força com uma chantagem explícita do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que desejava que ela fizesse com que os seus deputados aliados votassem contra o seu processo de cassação. “Eu nunca vou ceder a chantagem”, declarou Dilma.

A presidenta eleita democraticamente frisou que não existe crime de responsabilidade e que os argumentos utilizados contra ela são muito frágeis. Desta maneira, “não é legítimo afastar a chefe de Estado nessas condições, reiterando uma grave ruptura inconstitucional, um verdadeiro golpe de Estado”, ratificou Dilma. Segundo ela, desde o resultado eleitoral de 2014, quando foi eleita, a elite conservadora brasileira ficou indignada e tentou de diversas formas, através do partido do candidato derrotado, impedir sua posse e a estabilidade do governo, inclusive, apoiando este golpe de Estado em curso.